sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

A propósito do medo, escrevi há tempos um sonho tão real...




"À beira do mar, no areal frio da madrugada nebulosa, tu petrificada, na iminência de seres engolida por uma onda gigante… tremes de pânico! Corres, corres, sempre… fôlego suspenso, lanças os braços tomando balanço… teu corpo a baloiçar como as ondas do mar, o vento a uivar-te aos ouvidos, uma pedra no peito a pesar… tu corres, corres sempre… sem sair do mesmo lugar. Imobilizada naquele segundo de terror. Petrificada de terror. Teu corpo a baloiçar, inerte.
A onda cresce, enraivecida, espumando, cobre o céu todo. Tudo escurece. Tremes sem fala, suspensa naquele segundo de pavor que te engole num só trago. Espumando… cada vez maior, gigante essa onda. O vento em estalidos. Ouve-se a violência a crescer, um borbulhar de raiva vindo dos céus. Um silêncio atroz. Um vento de milhares de películas de água e sal açoitam tudo em redor. A areia pica-te a pele. Inerte tu… Em redor tudo cresce em movimento medonho, crescendo, inchando na onda gigante… tudo suspenso naquele segundo iminente em que a onda vai rebentar monstruosa em ti, desfazer o teu corpo em mil pedaços de mar. Naquele momento… o sol enraivecido, lançando farrapos laranjas e lilases no céu parece avisar-te: - Acabou Maria! O teu segundo acabou…
E tudo subitamente se desfaz. O sol brilha agora descoberto, o mar calmo, bebés brincam, rindo, açoitando a água mansa na beira do mar.
E tu gelada de pânico. Aquela onda quebrou em ti sem quebrar, roubou-te o sono."

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